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Portugal despede Ramos Rosa, um seu grande escritor

Em Lisboa, aos 88 anos, morreu António Ramos Rosa, um dos grandes escritores das letras portuguesas com uma ampla obra de poesia e ensaio que fecha o livro Em torno do Imponderável do passado ano. Deixou pegada nas letras galegas, em especial no fascínio que por ele sentia o poeta Eusébio Lorenzo Baleirón.

A editora Espiral Maior dirigida pelo poeta Miguel Anxo Fernán Vello publicou em 1994 um livro inédito do poeta intitulado O Navio da Matéria. Ramos Rosa teve relação literária e pessoal com o poeta Eusébio Lourenzo Baleirón que mesmo fizera um estudo sobre a sua obra e visitara o escritor em Lisboa. Outros autores galegos como Miro Villar confessam a presença da obra de Ramos Rosa no seu imaginário poético.

Uma ampla obra poética, além de livros de ensaio de referência arredor do feito poético, compõem a trajetória literária de um dos escritores mais valorados em Portugal que trouxe para a sua língua também grandes nomes da literatura universal e pôs a andar diversas revistas literárias.

No último momento escreveu em papel o verso mais conhecido e emblemático da sua obra: “Estou vivo e escrevo sol”

Ramos Rosa ganhou o Premio Pessoa em 1988, além de outros galardões como o Prémio Associação Portuguesa de Escritores ou o Internacional de Poesia, aliás de dar ele próprio nome a um prémio poético. Autodidata  -deixou os estudos sem rematar a secundária-, mais de grande formação leitora e domínio de diversas línguas que o fizeram um reconhecido tradutor literário. Em 1958 publica o seu primeiro livro, O Grilo Claro, ao que seguiram quase um cento de títulos até Em torno do Imponderável do passado ano. O Ciclo do Cavalo, Figuras solares, Sobre o Rosto da Terra, Volante Verde, Nomes de Ninguém ou As Palavras são alguns dos títulos da sua larga trajectória.

Segundo conta a imprensa portuguesa, o poeta teve fôlegos mesmo no último momento para escrever em papel o que está considerado o verso mais conhecido e emblemático de toda a sua obra: “Estou vivo e escrevo sol”, que marca também o espírito que presidia a sua condição de escritor, claramente social, mais poética em estado puro, numa harmonia que levou à teoria mais à prática.

A morte de Ramos Rosa acontece pouco depois da desaparição de outro grande vulto das letras portuguesas, o narrador Urbano Tavares Rodrigues, dois grandes autores case do mesmo tempo que partilharam também na biografia a condição de se opôr ao regime salazarista.

O corpo de Ramos Rosa será sepultado no Jazigo dos Escritores, no Cemitério dos Prazeres.

Fonte: Sermos Galiza